Resumo Hoje, o estudo da decisão nas organizações apresenta uma considerável diversidade de abordagens epistemológicas, teórico-conceituais e metodológicas. Todavia, poucas ideias tiveram impacto tão profundo e duradouro no pensamento gerencial sobre as decisões quanto aquelas relacionadas à racionalidade limitada. Apresentada por Herbert Simon no final dos anos 1940, a racionalidade limitada supostamente contesta os pilares fundamentais da racionalidade plena, propondo um caminho mais “realista” para descrever como as escolhas são feitas pelos indivíduos nas organizações. A despeito dos avanços em relação ao modelo da racionalidade plena, será que a racionalidade limitada realmente representa uma mudança de paradigma na interpretação da decisão gerencial? Este ensaio teórico busca demonstrar que a teoria da racionalidade limitada não rompe substancialmente com a teoria da racionalidade plena, uma vez que ainda está longe de abordar os aspectos efetivamente relevantes da decisão gerencial, a saber, seus aspectos morais. O artigo também apresenta e discute elementos conceituais úteis para a edificação de uma teoria moral da racionalidade, a fim de demonstrar como uma verdadeira ruptura com a concepção de racionalidade de Simon pode ser articulada e quais seriam os avanços e as vantagens que tal ruptura traria à investigação dos processos decisórios nas organizações.
Abstract The study of organizational decisions, nowadays, shows a great diversity of epistemological, theoretical-conceptual and methodological approaches. However, few ideas have had an impact as profound and lasting in management thinking about decisions, as those related to bounded rationality. Introduced by Herbert Simon in the late 1940s, bounded rationality supposedly denies the underpinnings of full rationality and proposes a more “realistic” way to describe how choices are made by individuals in organizations. In spite of its progress, when compared to the full rationality model, does bounded rationality really mean a paradigm shift in the interpretation of management decision? This theoretical essay aims to demonstrate that the bounded rationality model does not break with the orthodox model of full rationality, as it is still far from addressing the effectively relevant aspects of managerial decisions, namely, its moral aspects. This study also presents and discuss some conceptual elements which could be useful to build a moral theory of rationality in order to demonstrate how an actual disruption with Simon´s rationality concept could be articulated and what would be the advances and benefits that such disruption could bring to the investigation of the decision-making processes in organizations.
Resumen El estudio de la decisión en las organizaciones presenta actualmente una considerable diversidad de abordajes epistemológicos, teórico-conceptuales y metodológicos. No obstante, pocas ideas tuvieron un impacto tan profundo y duradero en el pensamiento gerencial sobre las decisiones como las relacionadas a la racionalidad limitada. Presentada por Herbert Simon a fines de los años 1940, la racionalidad limitada supuestamente contesta los pilares fundamentales de la racionalidad plena, proponiendo un camino más ‘realista’ para la descripción de cómo los individuos toman las decisiones en las organizaciones. ¿A pesar de los avances en relación al modelo de la racionalidad plena, la racionalidad limitada representa realmente un cambio de paradigma en la interpretación de la decisión gerencial? El presente ensayo teórico busca demostrar que la teoría de la racionalidad limitada no rompe sustancialmente con la teoría de la racionalidad plena, puesto que aquella todavía está lejos de abordar los aspectos efectivamente relevantes de la decisión gerencial, a saber, sus aspectos morales. El artículo también presenta y discute algunos elementos conceptuales útiles para la construcción de una teoría moral de la racionalidad, a los efectos de demostrar cómo puede articularse una verdadera ruptura con la concepción de racionalidad de Simon y cuáles serían los avances y ventajas que tal ruptura aportaría a la investigación de los procesos decisorios en las organizaciones.